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Burnout: Brasil é o segundo país com mais casos diagnosticados no mundo

4% do PIB brasileiro é afetado com a ausência de saúde mental nas empresas

De acordo com o Ministério da Saúde, a Síndrome de Burnout é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema causadas por “situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade". A causa da doença, cada dia mais frequente nos debates sobre saúde mental, é o estresse e a pressão originados no ambiente de trabalho.

Um estudo da International Stress Management Association (Isma), revelou que, atualmente, o Brasil ocupa o segundo lugar em número de casos diagnosticados de Burnout, doença ocupacional reconhecida e classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2022. O País está atrás apenas do Japão, onde 70% da população é afetada pela doença.

Diante desse cenário, a psicóloga organizacional, Veruska Galvão, lançou, neste ano, no Brasil o “Movimento Maio Humanizado: pela Humanização no Trabalho”. Com o objetivo de trazer questões relacionadas à qualidade das relações nas empresas, ela propõe estratégias para um ambiente de trabalho mais empático, saudável, sustentável e humano.

Com o avanço das tecnologias e em um cenário pós-pandemia é notável o aumento de colaboradores ansiosos, depressivos e o avanço do número de casos de burnout. Além disso, a ausência de linearidade nas relações, o que classifica, em muitos casos, o ambiente nas empresas como desumano.

“É muito comum que as pessoas que estejam desenvolvendo a síndrome de burnout apresentem uma fadiga crônica. São pessoas que sempre estão muito cansadas, que mesmo dormindo elas não conseguem recuperar a energia. E sentem muitas dores, como dor de cabeça e dor de estômago. Além disso, elas têm a tendência de se deprimirem ou de terem muita ansiedade. São pessoas que começam a se sentir como se elas fossem insuficientes, como se elas fossem incompetentes porque elas entendem que elas não dão conta mais do trabalho como elas davam antes”, explica a psicóloga organizacional, Veruska Galvão.

De acordo com a especialista, o diagnóstico precisa ser dado por um médico do trabalho. “Então, a gente precisa entender quais são todos os sintomas, o que a pessoa está sentindo e a partir dessa combinação, o médico tem condições de dar o diagnóstico”, afirma.

A psicóloga organizacional, Veruska Galvão, lançou, neste ano, o "Movimento Maio Humanizado: pela Humanização no Trabalho" (Foto: Divulgação)
A psicóloga organizacional, Veruska Galvão, lançou, neste ano, o "Movimento Maio Humanizado: pela Humanização no Trabalho" (Foto: Divulgação)

Segundo Veruska, para que o adoecimento não aconteça, primeiro é necessário entender que não somos máquinas e que precisamos de descanso durante a busca desenfreada por resultados. “As pessoas geralmente não fazem pausas no trabalho, não descansam e não se alimentam adequadamente, tomam remédios para dormir e para acordar e seguem nessa rotina como um estilo de vida”, aponta.

A psicóloga ainda sugere a construção de ambientes de trabalho onde as relações sejam saudáveis. “A empresa precisa investir na capacitação das lideranças para que os líderes saibam como criar esse ambiente de trabalho, onde as pessoas possam falar sobre os erros, onde elas possam falar sobre os problemas e outras questões”, ressalta.

Diante dessa realidade, a fotógrafa Ana Sousa, que mora em Belo Jardim, no interior de Pernambuco, começou a desenvolver a síndrome quando estava abrindo o seu próprio negócio, um estúdio de fotografia da cidade. “Eu tinha uma cultura de que eu não podia deixar um cliente na mão, de que eu não podia dizer ‘não’. Nessa época, eu era fotógrafa, também dava conta do atendimento e da edição. Então eu tinha três funções difíceis de uma vez só, principalmente no atendimento, que eu tinha que dedicar mais atenção aos clientes”, conta.

A fotógrafa Ana Sousa, que mora em Belo Jardim, no interior de Pernambuco, começou a desenvolver a síndrome quando estava iniciando o seu próprio negócio (Foto: Divulgação)
A fotógrafa Ana Sousa, que mora em Belo Jardim, no interior de Pernambuco, começou a desenvolver a síndrome quando estava iniciando o seu próprio negócio (Foto: Divulgação)

Com o aumento da quantidade de mensagens de pessoas interessadas nos serviços, Ana começou a sentir cada vez mais ansiedade e angústia. Há cerca de 3 anos, ela descobriu o burnout na terapia e a síndrome foi o gatilho para sinais físicos no corpo, como o desenvolvimento da Lúpus, no qual ela tinha o gene da doença autoimune, mas que foi manifestada pelos sintomas de estresse. “Meu tratamento foi muita terapia e entender que eu tenho limites. Contratei uma equipe para diminuir esse trabalho que era muito intenso. Tirei um tempo para mim quando eu descobri o burnout e agora a minha folga é uma questão de necessidade, inclusive para o meu físico, devido aos sintomas da Lúpus. Mas hoje eu já me sinto muito melhor”, finaliza.

Já o recifense Gabriel F, engenheiro de software e desenvolvedor de aplicativos, começou a desenvolver os sintomas quando trabalhava em uma empresa, ainda iniciante na área. “Depois de vários meses trabalhando das 4h às 20h, tendo que fazer faculdade após esse horário, eu percebi que estava ficando apático a tudo ao meu redor. Foi aí que comecei a procurar ajuda psicológica, que na época e durante o processo fui diagnosticado com burnout”, conta. Com auxílio da psicoterapia e também de ajuda psiquiátrica, ele conseguiu enxergar os seus limites, o que ocasionou em uma mudança de emprego para um ambiente mais saudável.

Gabriel F, engenheiro de software e desenvolvedor de aplicativos, começou a desenvolver os sintomas do burnout quando trabalhava em uma empresa, ainda iniciante na sua área (Foto: Rafael Vieira)
Gabriel F, engenheiro de software e desenvolvedor de aplicativos, começou a desenvolver os sintomas do burnout quando trabalhava em uma empresa, ainda iniciante na sua área (Foto: Rafael Vieira)